quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

CONTABILIDADE: Funções, Princípios e Convenções.

FUNÇÕES DA CONTABILIDADE

A contabilidade é uma ciência que permite, através de suas técnicas, manter um controle permanente do Patrimônio da empresa. Esta possui duas grandes funções: função administrativa e função econômica.

FUNÇÃO ADMINISTRATIVA DA CONTABILIDADE

A função administrativa da contabilidade se resume em controlar o patrimônio, composto pelos bens, direitos e obrigações das empresas, sob dois aspectos: o estático e o dinâmico.

Aspecto Estático: representação da posição contábil da empresa em dado momento, ou seja, podemos dizer a apresentação do Balanço Patrimonial da entidade.

Aspecto Dinâmico: avalia e controla as mutações qualitativas e quantitativas do patrimônio das entidades.

FUNÇÃO ECONÔMICA DA CONTABILIDADE:

Apuração de resultado do exercício. Verifica se a entidade obteve lucro ou prejuízo em um dado período.

Contabilidade Como sistema de informação.

A contabilidade pode ser definida como um sistema de informações no qual se inicia na captação dos dados passando por todo um processamento desses dados e tendo como produto final a informação. Para MARION (2003) o sistema de contabilidade é o conjunto de atividades contábeis compatíveis que vai desde a compreensão da atividade empresarial (necessidade para elaborar um plano de contas adequado), passando pela análise e interpretação de cada fato contábil isoladamente, sua contabilização, até a elaboração das demonstrações financeiras, sua análise, interpretação e recomendações para aperfeiçoar o desempenho da empresa.

Já SZUSTER e CARDOSO (2011) diz que a contabilidade é o processo cujas metas são registrar, resumir, classificar e comunicar as informações financeiras.

O sistema de informação contábil passa por três etapas:

1° Etapa: entradas

Coleta de dados econômicos e financeiros: notas fiscais de compras e vendas, cupons fiscais, comprovantes de pagamentos e recebimentos, faturas, boletos, documentos de admissão e demissão, arquivos magnéticos, etc.

2° Etapa: processamento dos dados

Triagem da documentação – documentos fiscais e contábeis – registro de todos os fatos contábeis, entrega de declarações, apuração de impostos, etc.

3° Etapa: saída de informações

Transformação de dados em informações. O produto da contabilidade é a informação, ou seja, relatórios econômicos e financeiros. 

Descrição das etapas do processo.

Captar, registrar, acumular, resumir e interpretar fenômenos que afetam situações patrimoniais, financeiras e econômicas das empresas.

A captação dos dados se dá através de recebimentos de documentos dos diversos departamentos: financeiro, Administrativo, custos, pessoal, comercial, etc. dados relativos a todas as operações ocorridas na empresa.

No registro dos dados, os mesmos são classificados adequadamente, de acordo com sua natureza, através de métodos específicos (Plano de contas e princípios pré-estabelecidos).
O processo de acumulo dos dados se dá somando registros de operações já ocorridas com operações que estão ocorrendo.

Após as etapas de captação, registro e acúmulo, os valores das operações ocorridas são agrupados, segundo sua natureza, num determinado momento por meio de relatórios (Demonstrações Contábeis).

INTERPRETAR – Verificando as eficiências e ineficiências das operações ocorridas no período através de análise dos resultados (Lucro ou prejuízo) e de índices financeiros.

Campos de Atuação da Contabilidade:

Contabilidade Fiscal – Participa na elaboração das informações contábeis para o fisco e contribui para com os planejamentos fiscais da empresa.

Contabilidade Pública – Controle das finanças públicas, municipais, estaduais ou federais.

Contabilidade de Custos – Participa na elaboração das informações do processo produtivo industrial. Contribui, por exemplo, na formação de preço de venda.

Contabilidade Gerencial – Visa melhor utilização dos recursos econômicos da empresa.

Auditoria – Controla a confiabilidade das informações e a legalidade dos atos praticados pela empresa segundo princípios fundamentais de contabilidade através das normas de auditoria.

Perícia Contábil – Elabora Laudos Periciais em processos judiciais.

Contabilidade Financeira – Elabora e consolida as demonstrações para fins externos, por exemplo: análise da situação patrimonial da empresa através de índices e avaliação de projetos de viabilidade de longo prazo.

Relatórios Elaborados nas Empresas:

Demonstrações Contábeis

As demonstrações contábeis retratam os efeitos patrimoniais e financeiros das transações e outros eventos, por meio do grupamento dos mesmos em classes amplas de acordo com as suas características econômicas (Resolução CFC 1374/11 – Estrutura Conceitual).

Balanço Patrimonial (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido)

É a peça contábil que retrata a posição das contas de uma entidade após todos os lançamentos das operações de um período terem sido feitos. Demonstrará o retrato patrimonial da empresa em um determinado período. Através do Balanço Patrimonial podemos obter informações sobre a posição patrimonial e financeira da entidade em uma determinada data.

DRE – Demonstração do Resultado do Exercício.
Compara Receitas com Custos e Despesas num período apurando um resultado que poderá ser positivo se (Receitas > Despesas) e Negativo se (Receitas < Despesas).

DMPL – Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido. Evidencia a movimentação em determinado período de todas as contas do Patrimônio Líquido.

DFC – Demonstração de Fluxo de Caixa. Tem por finalidade explicar a variação no caixa e equivalentes de caixa. A Lei nº 11.638/07 substituiu a DOAR – Demonstração das Origens e Aplicações de recursos pela DFC.

DVA – Demonstração do Valor Adicionado. Evidencia a riqueza gerada pela entidade, em determinado período, pertencente à sociedade e como ela é distribuída entre os empregados, o governo, os financiadores e os sócios.

Princípios Contábeis

“São conceitos básicos que constituem o núcleo essencial que deve guiar a profissão na consecução dos objetivos da Contabilidade”.

“São a forma, o meio e a estrutura de que a disciplina se utiliza para chegar aos objetivos ou, às vezes, para melhor entender o que vem sendo praticado há muito tempo”.

Podemos assim definir como “placas de direção” que auxiliam a contabilidade a chegar aos seus objetivos. Um princípio possui duas condições para ser aceito:

  • Deve ser considerado praticável e objetivo pelo consenso profissional;
  • Deve ser considerado útil.


PRINCÍPIO DA ENTIDADE

É aquele que consolida a distinção entre a pessoa jurídica e a pessoa física, ou seja, as atividades da empresa não se devem confundir com as dos seus sócios.

PRINCÍPIO DA ENTIDADE

Quando na empresa é paga uma despesa, é o caixa da firma que está desembolsando o dinheiro e não o dono. As contas pessoais dos sócios não devem ser pagas pela empresa.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Tal princípio defende a premissa de que uma entidade, ao que tudo indica, irá operar por um período de tempo relativamente longo no futuro e esta premissa somente é abandonada quando um histórico de prejuízos persistentes e a perda de substância econômica e de competitividade de mercado sinalizarem a sua descontinuidade.

PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA

É aquele que determina que as receitas e despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento o pagamento.

PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE

Refere-se, simultaneamente, à tempestividade e integridade do registro das mutações patrimoniais, determinando que este seja feito no tempo certo e com a extensão correta.

PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL

O presente princípio nos orienta para que os componentes do patrimônio sejam registrados pelos valores originais das transações ocorridas, expressos em moeda do País, ou seja, com base nos valores de entrada na empresa.

PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

Este princípio, até 1995, era aplicado como forma de manter os valores patrimoniais corrigidos monetariamente de acordo com a inflação. Desde aquela época, no Brasil, não é adotada devido à estabilização relativa da inflação.

PRINCÍPIO DA PRUDENCIA

O princípio da prudência deve ser observado quando surgirem duvidas sobre a correção dos valores a serem registrados. Devemos reconhecer o menor valor para o ativo e receitas e o maior valor para o passivo e despesas.


CONVENÇÕES CONTÁBEIS

Qualificam e delimitam os princípios. Tão importantes quanto os princípios contábeis, pois caracterizam como base de sua criação.

Consistência – não mudar de critério sem aviso. Comparabilidade.

Conservadorismo – custo ou mercado, o mais baixo.

Materialidade – relevância. Não se preocupa com miudezas. Questão de bom senso.

Objetividade – sempre que possível apoiar-se em documentos e evidencias as mais objetivas possíveis. Fé da contabilidade perante juízo ou terceiros. Idoneidade das informações.

Bibliografia básica:

MARTINS, Eliseu; ERNESTO, Rubens Gelbcke; SANTOS, Ariovaldo dos. FIPECAFI – Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2010.

MARION, Jose Carlos. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 2003.


SZUSTER... [et al.], Natan. Contabilidade Geral – Introdução à Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2011.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Ativo Imobilizado: Definição, Reconhecimento dos Custos e Teste de Impairment (CPC 27 - NBC TG 27 (R2))

Definição de Ativo Imobilizado:

Por definição, ativo imobilizado é o item tangível que:

(a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e

(b) se espera utilizar por mais de um período.

Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o controle desses bens.

São exemplos de bens corpóreos classificados no Ativo Imobilizado:

  • Máquinas e equipamentos;
  • Imóveis;
  • Móveis e utensílios;
  • Veículos;

Reconhecimento de um Ativo Imobilizado:

O custo de um item de ativo imobilizado deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se:

(a) for provável que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade; e
(b) o custo do item puder ser mensurado confiavelmente.

Sobressalentes, peças de reposição, ferramentas e equipamentos de uso interno são classificados como ativo imobilizado quando a entidade espera usá-los por mais de um período.


Elementos de Custos de um Ativo Imobilizado:

O custo de um item do Ativo Imobilizado compreende:

(a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos;

(b)   Quaisquer custos diretamente atribuíveis para alocar o ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração;

(c)    E estimativa dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração do local no qual está localizado.

Custos Atribuíveis:

Exemplos de custos atribuíveis:

  • Custo de benefícios aos empregados decorrentes diretamente da construção ou aquisição de item do ativo imobilizado;
  • Custos de preparação do local;
  • Custos de frete e de manuseio;
  • Custo de instalação e montagem;
  • Custos com testes para verificar se o ativo está funcionando corretamente;
  • Honorários profissionais.

Custos Não Atribuíveis:

Não são custos de um item do ativo imobilizado:

  • Custos de abertura de nova instalação;
  • Custos incorridos na introdução de novo produto ou serviço (incluindo propaganda e atividades promocionais);
  • Custos de transferência das atividades para novo local ou para nova categoria de clientes;
  • Custos administrativos e outros custos indiretos.


Redução ao Valor Recuperável (impairment):

Perda por redução ao valor recuperável é o valor pelo qual o valor contábil de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável.

Após o reconhecimento como ativo, um item do ativo imobilizado deve ser apresentado ao custo menos qualquer depreciação e perda por redução ao valor recuperável acumuladas (NBC TG 01 (R1)).

Valor recuperável de um ativo ou de unidade geradora de caixa é o maior montante entre o seu valor justo líquido de despesa de venda e o seu valor em uso.

Valor justo líquido de despesa de venda é o montante a ser obtido pela venda de um ativo ou de unidade geradora de caixa em transações em bases comutativas, entre partes conhecedoras e interessadas, menos as despesas estimadas de venda.

Valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa futuros esperados que devem advir de um ativo ou de unidade geradora de caixa.

Segue abaixo, resolução de questão retirada do exame de suficiência do CFC (2015)

Uma Sociedade Industrial, ao analisar um determinado Ativo Imobilizado, identificou as seguintes evidências, em 31.12.2014:

Informações:

Valor líquido de venda: R$ 2.040.000,00;

Valor em Uso: R$ 2.000.000,00;

Saldos contábeis:

Valor contábil bruto – custo de aquisição: R$ 3.200.000,00;

Depreciações acumuladas R$ 800.000,00;

Perda estimada em valor não recuperável: R$ 240.000,00;

De acordo com a NBC TG 27 (R2) – Ativo Imobilizado, a perda por redução ao valor recuperável complementar a ser reconhecida no resultado, ao final do período de 2014, é de:

Resolução:

Valor líquido de venda:                                               R$ 2.040.000,00;

Valor em uso:                                                              R$ 2.000.000,00;

Logo, o valor recuperável do ativo é:                          R$ 2.040.000,00;

O valor Contábil Líquido do ativo em 31/12/2014 é:  R$ 2.160.000,00
  (3.200.000,00 – 800.000,00 – 240.000,00)

Resposta:

Deverá ser reconhecido um complemento na Perda por Redução ao Valor Recuperável de:
R$ 120.000,00

Referências Bibliográficas:

CVM – Deliberação CVM Nº 583/09

CFC – NBC TG 27 (R2) – Resolução CFC Nº 1.177/09

CFC – NBC TG 01 (R1) – Resolução CFC Nº 1.292/10

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Depreciação – NBC TG 27 (R2)

De acordo com Neves e Viceconti (2002) a depreciação representa o desgaste ou a perda da capacidade de utilização (vida útil) de bens tangíveis ou físicos pelo uso, por causas naturais ou por obsolescência tecnológica. Será calculada pela aplicação da taxa de depreciação, fixada em função da vida útil estimada do bem, sobre o valor dos bens objeto da depreciação.

O CPC 27 destaca a importância da determinação do valor residual dos ativos, de forma que o valor depreciável seja aquele montante não recuperável pela alienação do ativo ao final de sua vida útil estimada. Dessa forma, é fundamental, na determinação do valor depreciável de um ativo imobilizado, a estimativa do seu valor residual. Uma análise criteriosa na determinação desse valor é essencial para a adequada alocação da depreciação ao longo da vida útil estimada do bem. (ICP 10)

“A Secretaria da Receita Federal publicará periodicamente o prazo de vida útil admissível, em condições normais ou médias, para cada espécie de bem, ficando assegurado ao contribuinte o direito de computar a quota efetivamente adequada às condições de depreciação de seus bens, desde que faça a prova dessa adequação, quando adotar taxa diferente” (art. 310, § 1°, do R.I.R./99, por remissão à Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 3º).

De acordo com o item 43 da NBC TG 27 (R2), cada componente de um item do ativo imobilizado com custo significativo em relação ao custo total do item deve ser depreciado separadamente.

O valor residual de um ativo será revisado pelo menos ao final de cada exercício e, se as expectativas diferem as estimativas anteriores, a mudança deve ser contabilizada como mudança de estimativa contábil (conf. CPC 23).

A despesa de depreciação de cada período deve ser reconhecida diretamente no resultado do exercício.

Período de Depreciação:

A depreciação do ativo se inicia quando este está disponível para uso, ou seja, quando está no local e em condição de funcionamento da forma pretendida pela administração.
A depreciação de um ativo deve cessar na data em que o ativo é classificado como mantido para venda, ou na data em que o ativo é baixado, o que ocorrer primeiro.

Suspensão da Depreciação:

Segundo o item 55 da NBC TG 27 (R2) a depreciação de um ativo deve cessar na data em que o ativo é classificado como mantido para venda (ou incluído em um grupo de ativos classificado como mantido para venda de acordo com a NBC TG 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada) ou, ainda, na data em que o ativo é baixado, o que ocorrer primeiro. Portanto, a depreciação não cessa quando o ativo se torna ocioso ou é retirado do uso normal, a não ser que o ativo esteja totalmente depreciado. No entanto, de acordo com os métodos de depreciação pelo uso, a despesa de depreciação pode ser zero enquanto não houver produção.

O valor residual de um ativo pode aumentar. A despesa de depreciação será zero enquanto o valor residual subsequente for igual ou superior ao seu valor contábil (item 54).

Segue abaixo resolução de questão cobrada no exame de suficiência do CFC relacionada ao tema:

Uma Sociedade Empresária adquiriu um equipamento, por R$25.000,00, para uso em suas atividades. Para deixá-lo em condições de uso, foi necessário gastar mais R$1.500,00.
O equipamento ficou pronto para uso no dia 2.1.2014, e a empresa estima usar o equipamento por 5 anos.

O valor residual é estimado em R$2.500,00, para qualquer método de depreciação adotado.

A vida útil estimada do equipamento é de 12.000 horas.

O equipamento tem capacidade para produzir 8.000 unidades de produto.

O equipamento foi utilizado durante todo o ano de 2014; operou por 2.600 horas; e produziu 1.800 unidades.

Com base nos dados anteriores, é correto afirmar que a despesa com depreciação, no ano de 2014, foi de:

a) Se apurado com base no Método das Horas de Produção:

b) Se apurado com base no Método das Unidades produzidas.

c) Se apurado com base no Método da Soma dos Dígitos.

d) Se apurado com base no Método das Quotas Constantes.


Cálculo da depreciação pelo método das Horas de Produção:

Vida útil em horas: 12.000

Valor Depreciável: R$ 24.000,00

(R$ 24.000,00/12.000 hs = R$ 2,00 p/h).

Horas trabalhadas em 2014: 2.600 hs.

Valor da despesa com depreciação: R$ 5.200,00 (2.600 hs * R$ 2,00)


Cálculo da depreciação pelo método das Unidades Produzidas:

Capacidade para produzir: 8.000 unidades

Valor Depreciável: R$ 24.000,00

(R$ 24.000,00/8.000 un = R$ 3,00 p/un).

Unidades produzidas em 2014: 1.800 un.

Valor da despesa com depreciação: R$ 5.400,00 (1.800 un * R$ 3,00)


Cálculo da depreciação pelo método das Quotas Constantes:

Valor Depreciável: R$ 24.000,00

Vida útil: 5 anos (20% a.a)

Valor da despesa com depreciação: R$ 4.800,00


Cálculo da depreciação pelo método da Soma dos Dígitos:

Soma dos dígitos (vida útil 5 anos): 1+2+3+4+5 = 15 (denominador)

1º ano (2014): 5 anos/15 x R$ 24.000,00: R$ 8.000,00

Valor da despesa com depreciação: R$ 8.000,00


Bibliografia básica:

CVM – Deliberação CVM Nº 583/09

CFC – NBC TG 27 (R2) – Resolução CFC Nº 1.177/09

Neves, Silvério das/Viceconti, Paulo Eduardo V. Contabilidade Avançada e Análises das Demonstrações Financeiras. Frase Editora, 2002.


sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

EBITDA Simplificado

O EBITDA ou LAJIDA é um indicador de desempenho financeiro bastante utilizado para avaliar a capacidade de geração de caixa restrito as atividades operacionais da entidade, ou seja, mede a capacidade de desempenho da empresa analisando basicamente a geração de recursos exclusivamente de seus ativos. Traduzindo do inglês (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) temos “Lucro Antes dos Juros, Impostos (sobre o lucro), Depreciações e Amortizações (LAJIDA).


Extraído da DRE – Demonstração de Resultado do Exercício – esse indicador é apurado em conformidade com o princípio da competência, ou seja, não necessariamente corresponde aos efeitos de entradas e saídas de recursos do caixa.

De acordo com SZUSTER [et. al.], 2011, o EBITIDA é um indicador muito utilizado por diversas empresas e analistas. Mas não podemos esquecer que, principalmente para o mercado acionário, o investidor deve estar atento ao lucro líquido e à capacidade de pagamentos de dividendos, que só serão repassados aos acionistas depois do pagamento de juros e impostos.

Em termos gerais, podemos dizer que o EBITDA é uma ferramenta que objetiva:

  • Medir o desempenho da empresa em termos de fluxo de caixa;
  • Medir a capacidade de geração de recursos dos ativos (operacional) da entidade;
  • Avaliar o potencial de geração genuinamente operacional de caixa da empresa.

Vejamos agora um exemplo de cálculo do EBITDA:

A empresa ABC S.A apresentou em suas demonstrações financeiras as seguintes informações em 31/12/2014.


Demonstração de Resultado do Exercício em 31/12/2014.
Vendas Líquidas
 R$    1.200.000,00
CMV - Custo das Mercadorias Vendidas
 R$        720.000,00
Lucro Bruto
 R$        480.000,00
Despesas Operacionais
 R$        240.000,00
Depreciações
 R$          50.000,00
Receitas Financeiras
 R$            1.440,00
Despesas Financeiras
 R$          41.760,00
LAIR - Lucro Antes dos Impostos
 R$        149.680,00
IRPJ/CSLL
 R$          49.394,00
Lucro Líquido
 R$        100.286,00


Através dos dados do quadro acima, podemos calcular o EBITDA da empresa ABC S.A:


Cálculo da EBITDA
Lucro Líquido
 R$        100.286,00
(+) Depreciações
 R$          50.000,00
(+) Despesas Financeiras
 R$          41.760,00
(-) Receitas Financeiras
 R$            1.440,00
(+) IRPJ/CSLL
 R$          49.394,00
(=) EBITDA (LAJIDA)
 R$        240.000,00


Desta forma, podemos concluir que o caixa gerado pelas atividades operacionais da empresa ABC S.A foi de R$ 240.000,00.

Bibliografia básica:

ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanço. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MARTINS, Eliseu. “EBITDA” – O que é isso? IOB – Informações Objetivas, Temática Contábil e Balanços. São Paulo: Boletim IOB 06/98, p. 1-7, 1998.

SZUSTER... [et al.], Natan. Contabilidade Geral – Introdução à Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2011.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Controles Financeiros e Fluxos de Caixa

Importância dos Controles Financeiros

Para cuidar da gestão financeira, o empresário precisa lidar com números e informações o tempo todo e se a empresa possui números e informações confiáveis, consequentemente a tomada de decisões em grande parte será bem sucedida.

As informações financeiras que o empresário precisa para tomar decisões podem ser obtidas por meio dos controles financeiros. Dessa forma, podemos dizer que uma das finalidades dos controles financeiros é gerar informações úteis e confiáveis para a tomada de decisões.

Fluxo de Caixa

Fluxo de caixa é um instrumento da gestão financeira que projeta para períodos futuros todas as entradas e saídas de recursos financeiros da empresa, indicando como será o saldo de caixa para o período projetado.
         

Sua grande utilidade é permitir a visualização de sobras ou faltas de recursos no caixa da empresa, antes mesmo que ocorram, possibilitando ao empresário planejar melhor suas ações. Na verdade, praticamente toda ação realizado por uma empresa resume-se a entrada e saída de dinheiro em seu caixa e é justamente nesse jogo de vai e vem de recursos que o Fluxo de Caixa mostra sua importância, pois nos ajuda a perceber bem antes quando vai faltar ou sobrar recurso.

Então, o que vem a ser o Fluxo de Caixa

Fluxo de Caixa é um instrumento de controle que tem por objetivo auxiliar o empresário a tomar decisões sobre a situação financeira futura da empresa. Consiste em um relatório gerencial que informa toda a movimentação de dinheiro (entradas e saídas), sempre considerando um período determinado, que pode ser uma semana, um mês, etc.

No caso das empresas de pequeno porte, a projeção do Fluxo de Caixa para um período de quatro a seis meses é tempo suficiente para a gestão do capital de giro. Ressalto que, quando se fala num período de quatro a seis meses, significa que ao final de cada mês, projetam-se novamente os períodos seguintes, de modo que sempre teremos informações para um horizonte de quatro a seis meses.

Fluxo de Caixa X Capital de Giro

Capital de giro significa capital de trabalho, ou seja, o capital necessário para financiar a continuidade das operações da empresa, como recursos para financiamento ao clientes (nas vendas a prazo), recursos para manter estoques e recursos para pagamento aos fornecedores (compras de matéria-prima ou mercadorias para revenda), pagamento de impostos, salários e demais custos e despesas recorrentes e ou não recorrentes.

Para que serve o relatório de Fluxo de Caixa?

  • Planejar e controlar as entradas e saídas de caixa num período de tempo determinado;
  • Auxiliar o empresário a tomar decisões antecipadas sobre a falta ou sobra de dinheiro na empresa;
  • Verificar se a empresa está trabalhando com aperto ou folga financeira no período avaliado;
  • Verificar se os recursos financeiros são suficientes para tocar o negócio em determinado período ou se há necessidade de obtenção de capital de giro no mercado financeiro;
  • Planejar melhores políticas de prazos de pagamentos e recebimentos;
  • Avaliar a capacidade de pagamentos antes de assumir compromissos;
  • Conhecer previamente (planejamento estratégico) os grandes números do negócio e sua real importância no período considerado;
  • Avaliar se o recebimento das vendas é suficiente para cobrir os gastos assumidos e previstos no período considerado;
  • Avaliar o melhor momento para efetuar as reposições de estoque em função dos prazos de pagamento e da disponibilidade de caixa;
  • Avaliar o momento mais favorável para realizar promoções de vendas visando melhorar o caixa do negócio.

É difícil preparar o fluxo de caixa?

Para as empresas que têm os controles financeiros bem organizados, a preparação do fluxo de caixa é consideravelmente fácil. Entretanto, se a empresa ainda não tiver controles de forma organizada, é bastante provável que, nos três primeiros meses, o fluxo de caixa ainda não seja um documento confiável, porque algumas projeções ficarão superestimadas ou subestimadas, alguns custos ou despesas não terão sido previstos.

Fluxo de caixa: primeiros passos:


Saldo Inicial: é o valor constante no caixa no início do período considerado para a elaboração do Fluxo. É composto pelo dinheiro na “gaveta” mais os saldos bancários disponíveis para saque.

Entradas de Caixa: correspondem às vendas realizadas à vista, bem como a outros recebimentos, tais como duplicatas, cheques pré-datados, faturas de cartão de crédito etc., disponíveis como “dinheiro” na respectiva data.

Saídas de Caixa: corresponde a pagamentos de salários, fornecedores, pró-labore (retiradas dos sócios), aluguéis, impostos, folha de pagamento, água, luz, telefone, etc.

Saldo Operacional: representa o valor obtido de entradas menos as saídas de caixa na respectiva data. Possibilita avaliar como se comportam seus recebimentos e gastos periodicamente, sem a influência dos saldos de caixa anteriores.

Saldo Final de Caixa: representa o valor obtido da soma do saldo inicial com o saldo operacional. Permite constatar a real sobra ou falta de dinheiro em seu negócio no período considerado e passa a ser o Saldo Inicial do próximo período.

Como começar a montar e gerenciar o relatório de Fluxo de Caixa?

Primeiramente, seja sistemático. Crie o hábito de registrar todo e qualquer movimento financeiro ocorrido e a ocorrer em sua empresa em determinada data. A informática pode auxiliar muito, entretanto, a falta de informatização não deve ser desculpa para não registrar manualmente tais movimentos.

Na primeira hora de seu dia de trabalho, verifique, analise e registre saldo em dinheiro no caixa bem como saldos bancários. Todos os valores lançados no Fluxo de Caixa devem ser realistas e para isso é necessário manter as entradas e saídas sempre atualizadas.

Ao lançar as saídas de recursos do caixa, lembre-se que as despesas como energia elétrica, água e esgoto, impostos municipais, estaduais e federais, assim como aluguéis, salários, etc, têm data certa para serem pagas. Caso contrário, haverá incidência de multas e juros de mora. Assim, lance essas despesas como previsões e compare-as com as realizadas na data de ocorrência.

Analise as disponibilidades de caixa, a fim de verificar qual a data mais oportuna para efetuar retiradas pessoais (pró-labore).

Caso seu negócio sofra influências de temporadas (alta e baixa sazonalidade), tenha muita atenção com o planejamento de suas despesas a fim de evitar problemas de insuficiência de caixa.

Quando o Fluxo de Caixa se torna negativo por longo período consecutivo, indica que seu capital de giro está comprometido. Neste caso é bom pensar em promover vendas à vista com descontos, dando ênfase aos produtos mais parados em seu estoque.

A previsão do Fluxo de Caixa permite saber antecipadamente de quanto recurso financeiro você precisará e se pode ser gerado pelas vendas e recebimentos. Caso não seja suficiente, permitirá que você negocie alternativas de obtenção de financiamentos com mais critério e segurança e maiores chances de negociação de taxas.

Lembre-se que um caixa em nível adequado evita surpresas quando ocorrem inadimplências em sua empresa.

Percebeu quanta utilidade uma ferramenta simples e prática pode oferecer ao seu negócio?

Referências Bibliográficas:

          FAVERO, Hamilton Luiz. at al. Contabilidade: teoria e prática. V.2, 1. Ed – 6. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2008.

          PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática Financeira: objetiva e aplicada. 5. Ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 1993.

          VIEIRA, Ehuinder Fernandes. Controles Financeiros: de olho nas finanças da sua empresa. manual do participante  - Brasília/DF: SEBRAE, 2007.

          WALTER, Milton Augusto. Manual de Tesouraria. 2. Ed. Confederação Nacional da Indústria – Departamento de Assistência à média e pequena indústria. Rio de Janeiro/RJ, 1985.

          NUNES, Jonas Custódio. at al. Gestão Financeira. -  Sebrae/MG. Belo Horizonte, 2006.






















Como Contabilizar Devolução de Compras - Operações com Mercadorias

Muitas são as dúvidas que surgem no dia a dia de quem trabalha com contabilidade e constantemente nos deparamos com algumas operações que aparentemente são simples, mas que na hora “h” nos deixam com a “pulga atrás da orelha”. Uma dessas operações é a famosa devolução de compras.


Vejamos um exemplo de contabilização de devolução de compras, porém para melhor entendimento vamos entender como foi contabilizado a compra inicial.


1)   A empresa ABC LTDA adquiriu em 03/11/2015 mercadorias para revenda a prazo no          valor de R$ 1.000,00. ICMS (12%), PIS (1,65%) e COFINS (7,6%).
 

Contabilizando a compra:

D
Estoque de mercadorias para revenda
787,50
D
ICMS a recuperar – ativo
120,00
D
PIS a recuperar – ativo
16,50
D
COFINS a recuperar – ativo
76,00
C
Fornecedores
1000,00

    
2)   No dia 16 do mesmo mês a empresa ABC LTDA devolveu parte (10%) da mercadoria          adquirida em 03/11/2015, por estarem fora dos padrões exigidos.


Agora veremos a contabilização da devolução de compra:

D
Fornecedores
100,00
C
Estoque de mercadorias para revenda
78,75
C
ICMS a recolher – passivo
12,00
C
PIS  a recolher – passivo
1,65
C
COFINS a recolher – passivo
7,60


Espero que tenham gostado da dica.


Referências Bibliográficas:

SZUSTER... [et al.], Natan. Contabilidade Geral – Introdução à Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2011.

• IUDÍCIBUS... [et al.], Sérgio. Manual de Contabilidade Societária – FIPECAFI. São Paulo: Atlas, 2010.