sábado, 27 de agosto de 2016

LUCRO PRESUMIDO

Lucro Presumido

Ao apurar o Lucro Presumido, é muito importante avaliar que tanto o IRPJ/CSLL, quanto o PIS e a COFINS Cumulativos possuem como base de cálculo as receitas. Mas estas receitas para fins de IRPJ/CSLL são distintas das receitas base de cálculo do PIS e da COFINS.

1º Passo:

Levantamento da presunção do IRPJ e da CSLL (comércio em geral).

(=) Receita de Venda de Produtos
(-) Devoluções e Abatimentos
(-) IPI sobre vendas
(-) ICMS ST

Sobre o resultado dessa operação aplicar-se-á a alíquota de 8% para encontrar a base de cálculo presumida do IRPJ e 12% para a CSLL.

Levantamento da presunção do IRPJ e da CSLL (Serviços).

(=) Receita da Prestação de Serviço
(-) Serviços Cancelados

Sobre o resultado dessa operação aplicar-se-á a alíquota de 32% para encontrar a base de cálculo presumida do IRPJ e da CSLL.

2º Passo:

Levantamento das demais receitas tributadas pelo IRPJ/CSLL que não estão contempladas na presunção:

a)      Receitas Financeiras: JCP recebidos, Ganhos de Aplicações Financeiras; Descontos Obtidos, etc.
b)      Receitas de Aluguel;
      c)      Venda de Sucatas;
      d)      Outras Receitas Operacionais;
      e)      Resultado Positivo na Venda de Ativo Imobilizado.

Obs.: Não devem ser computados como receitas tributadas pelo IRPJ/CSLL:
  •      Dividendos Recebidos;
  •          Resultado Positivo de Equivalência Patrimonial;
  •          Reversão de Provisões;
  •         Recuperação de despesas;

3º Passo:

Somar os resultados encontrados no 1º e no 2º passo e aplicar as alíquotas de 15% + 10% (adicional se houver) para o IRPJ e de 9% para a CSLL.

Concluída a apuração do IRPJ e da CSLL faz se necessário apurar o PIS e a COFINS Cumulativos.

4º Passo:


As receitas apuradas no 1º passo do IRPJ/CSLL são as mesmas para o PIS e a COFINS Cumulativos. Cabendo ressaltar que o cálculo destas contribuições se restringem única e exclusivamente aos resultados apurados na atividade fim da empresa, ou seja, mesmo que existam “outras receitas operacionais”, estas não serão computadas no cálculo do PIS e da COFINS Cumulativos.

Exemplo:

Apuração do PIS/COFINS e do IRPJ/CSLL no Lucro Presumido - Anual (comércio em geral)
Operação
Valor
PIS/COFINS Cumulativos
IRPJ (8%)
CSLL (12%)
Venda de Produtos
14.553.590
14.553.590
14.553.590
14.553.590
IPI S/Vendas
1.164.287
1.164.287
1.164.287
1.164.287
Devoluções/Abatimentos
436.608
436.608
436.608
436.608
ICMS ST
339.099
339.099
339.099
339.099
BC
12.613.596
1.009.088
1.513.632
Juros Recebidos
389.600
-
389.600
389.600
Rend. Aplic. Financeiras
304.117
-
304.117
304.117
Outras Receitas
71.200
-
71.200
71.200
Receita com Alugueis
33.000
-
33.000
33.000
Venda de Sucatas
11.450
-
11.450
11.450
Res. Posit. Venda Imobilizado
3.550
-
3.550
3.550
BC
12.613.596
1.822.005
2.326.549
Apurações:
PIS Cumulativo (0,65%)
81.988
COFINS Cumulativo (3%)
378.408
IRPJ (15%)
273.301
Ad. IRPJ (10%)
158.200
CSLL (9%)
209.389
Carga Tributária total no Lucro Presumido:
1.101.287




quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

CONTABILIDADE: Funções, Princípios e Convenções.

FUNÇÕES DA CONTABILIDADE

A contabilidade é uma ciência que permite, através de suas técnicas, manter um controle permanente do Patrimônio da empresa. Esta possui duas grandes funções: função administrativa e função econômica.

FUNÇÃO ADMINISTRATIVA DA CONTABILIDADE

A função administrativa da contabilidade se resume em controlar o patrimônio, composto pelos bens, direitos e obrigações das empresas, sob dois aspectos: o estático e o dinâmico.

Aspecto Estático: representação da posição contábil da empresa em dado momento, ou seja, podemos dizer a apresentação do Balanço Patrimonial da entidade.

Aspecto Dinâmico: avalia e controla as mutações qualitativas e quantitativas do patrimônio das entidades.

FUNÇÃO ECONÔMICA DA CONTABILIDADE:

Apuração de resultado do exercício. Verifica se a entidade obteve lucro ou prejuízo em um dado período.

Contabilidade Como sistema de informação.

A contabilidade pode ser definida como um sistema de informações no qual se inicia na captação dos dados passando por todo um processamento desses dados e tendo como produto final a informação. Para MARION (2003) o sistema de contabilidade é o conjunto de atividades contábeis compatíveis que vai desde a compreensão da atividade empresarial (necessidade para elaborar um plano de contas adequado), passando pela análise e interpretação de cada fato contábil isoladamente, sua contabilização, até a elaboração das demonstrações financeiras, sua análise, interpretação e recomendações para aperfeiçoar o desempenho da empresa.

Já SZUSTER e CARDOSO (2011) diz que a contabilidade é o processo cujas metas são registrar, resumir, classificar e comunicar as informações financeiras.

O sistema de informação contábil passa por três etapas:

1° Etapa: entradas

Coleta de dados econômicos e financeiros: notas fiscais de compras e vendas, cupons fiscais, comprovantes de pagamentos e recebimentos, faturas, boletos, documentos de admissão e demissão, arquivos magnéticos, etc.

2° Etapa: processamento dos dados

Triagem da documentação – documentos fiscais e contábeis – registro de todos os fatos contábeis, entrega de declarações, apuração de impostos, etc.

3° Etapa: saída de informações

Transformação de dados em informações. O produto da contabilidade é a informação, ou seja, relatórios econômicos e financeiros. 

Descrição das etapas do processo.

Captar, registrar, acumular, resumir e interpretar fenômenos que afetam situações patrimoniais, financeiras e econômicas das empresas.

A captação dos dados se dá através de recebimentos de documentos dos diversos departamentos: financeiro, Administrativo, custos, pessoal, comercial, etc. dados relativos a todas as operações ocorridas na empresa.

No registro dos dados, os mesmos são classificados adequadamente, de acordo com sua natureza, através de métodos específicos (Plano de contas e princípios pré-estabelecidos).
O processo de acumulo dos dados se dá somando registros de operações já ocorridas com operações que estão ocorrendo.

Após as etapas de captação, registro e acúmulo, os valores das operações ocorridas são agrupados, segundo sua natureza, num determinado momento por meio de relatórios (Demonstrações Contábeis).

INTERPRETAR – Verificando as eficiências e ineficiências das operações ocorridas no período através de análise dos resultados (Lucro ou prejuízo) e de índices financeiros.

Campos de Atuação da Contabilidade:

Contabilidade Fiscal – Participa na elaboração das informações contábeis para o fisco e contribui para com os planejamentos fiscais da empresa.

Contabilidade Pública – Controle das finanças públicas, municipais, estaduais ou federais.

Contabilidade de Custos – Participa na elaboração das informações do processo produtivo industrial. Contribui, por exemplo, na formação de preço de venda.

Contabilidade Gerencial – Visa melhor utilização dos recursos econômicos da empresa.

Auditoria – Controla a confiabilidade das informações e a legalidade dos atos praticados pela empresa segundo princípios fundamentais de contabilidade através das normas de auditoria.

Perícia Contábil – Elabora Laudos Periciais em processos judiciais.

Contabilidade Financeira – Elabora e consolida as demonstrações para fins externos, por exemplo: análise da situação patrimonial da empresa através de índices e avaliação de projetos de viabilidade de longo prazo.

Relatórios Elaborados nas Empresas:

Demonstrações Contábeis

As demonstrações contábeis retratam os efeitos patrimoniais e financeiros das transações e outros eventos, por meio do grupamento dos mesmos em classes amplas de acordo com as suas características econômicas (Resolução CFC 1374/11 – Estrutura Conceitual).

Balanço Patrimonial (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido)

É a peça contábil que retrata a posição das contas de uma entidade após todos os lançamentos das operações de um período terem sido feitos. Demonstrará o retrato patrimonial da empresa em um determinado período. Através do Balanço Patrimonial podemos obter informações sobre a posição patrimonial e financeira da entidade em uma determinada data.

DRE – Demonstração do Resultado do Exercício.
Compara Receitas com Custos e Despesas num período apurando um resultado que poderá ser positivo se (Receitas > Despesas) e Negativo se (Receitas < Despesas).

DMPL – Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido. Evidencia a movimentação em determinado período de todas as contas do Patrimônio Líquido.

DFC – Demonstração de Fluxo de Caixa. Tem por finalidade explicar a variação no caixa e equivalentes de caixa. A Lei nº 11.638/07 substituiu a DOAR – Demonstração das Origens e Aplicações de recursos pela DFC.

DVA – Demonstração do Valor Adicionado. Evidencia a riqueza gerada pela entidade, em determinado período, pertencente à sociedade e como ela é distribuída entre os empregados, o governo, os financiadores e os sócios.

Princípios Contábeis

“São conceitos básicos que constituem o núcleo essencial que deve guiar a profissão na consecução dos objetivos da Contabilidade”.

“São a forma, o meio e a estrutura de que a disciplina se utiliza para chegar aos objetivos ou, às vezes, para melhor entender o que vem sendo praticado há muito tempo”.

Podemos assim definir como “placas de direção” que auxiliam a contabilidade a chegar aos seus objetivos. Um princípio possui duas condições para ser aceito:

  • Deve ser considerado praticável e objetivo pelo consenso profissional;
  • Deve ser considerado útil.


PRINCÍPIO DA ENTIDADE

É aquele que consolida a distinção entre a pessoa jurídica e a pessoa física, ou seja, as atividades da empresa não se devem confundir com as dos seus sócios.

PRINCÍPIO DA ENTIDADE

Quando na empresa é paga uma despesa, é o caixa da firma que está desembolsando o dinheiro e não o dono. As contas pessoais dos sócios não devem ser pagas pela empresa.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Tal princípio defende a premissa de que uma entidade, ao que tudo indica, irá operar por um período de tempo relativamente longo no futuro e esta premissa somente é abandonada quando um histórico de prejuízos persistentes e a perda de substância econômica e de competitividade de mercado sinalizarem a sua descontinuidade.

PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA

É aquele que determina que as receitas e despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento o pagamento.

PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE

Refere-se, simultaneamente, à tempestividade e integridade do registro das mutações patrimoniais, determinando que este seja feito no tempo certo e com a extensão correta.

PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL

O presente princípio nos orienta para que os componentes do patrimônio sejam registrados pelos valores originais das transações ocorridas, expressos em moeda do País, ou seja, com base nos valores de entrada na empresa.

PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

Este princípio, até 1995, era aplicado como forma de manter os valores patrimoniais corrigidos monetariamente de acordo com a inflação. Desde aquela época, no Brasil, não é adotada devido à estabilização relativa da inflação.

PRINCÍPIO DA PRUDENCIA

O princípio da prudência deve ser observado quando surgirem duvidas sobre a correção dos valores a serem registrados. Devemos reconhecer o menor valor para o ativo e receitas e o maior valor para o passivo e despesas.


CONVENÇÕES CONTÁBEIS

Qualificam e delimitam os princípios. Tão importantes quanto os princípios contábeis, pois caracterizam como base de sua criação.

Consistência – não mudar de critério sem aviso. Comparabilidade.

Conservadorismo – custo ou mercado, o mais baixo.

Materialidade – relevância. Não se preocupa com miudezas. Questão de bom senso.

Objetividade – sempre que possível apoiar-se em documentos e evidencias as mais objetivas possíveis. Fé da contabilidade perante juízo ou terceiros. Idoneidade das informações.

Bibliografia básica:

MARTINS, Eliseu; ERNESTO, Rubens Gelbcke; SANTOS, Ariovaldo dos. FIPECAFI – Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2010.

MARION, Jose Carlos. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 2003.


SZUSTER... [et al.], Natan. Contabilidade Geral – Introdução à Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2011.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Ativo Imobilizado: Definição, Reconhecimento dos Custos e Teste de Impairment (CPC 27 - NBC TG 27 (R2))

Definição de Ativo Imobilizado:

Por definição, ativo imobilizado é o item tangível que:

(a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e

(b) se espera utilizar por mais de um período.

Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o controle desses bens.

São exemplos de bens corpóreos classificados no Ativo Imobilizado:

  • Máquinas e equipamentos;
  • Imóveis;
  • Móveis e utensílios;
  • Veículos;

Reconhecimento de um Ativo Imobilizado:

O custo de um item de ativo imobilizado deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se:

(a) for provável que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade; e
(b) o custo do item puder ser mensurado confiavelmente.

Sobressalentes, peças de reposição, ferramentas e equipamentos de uso interno são classificados como ativo imobilizado quando a entidade espera usá-los por mais de um período.


Elementos de Custos de um Ativo Imobilizado:

O custo de um item do Ativo Imobilizado compreende:

(a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos;

(b)   Quaisquer custos diretamente atribuíveis para alocar o ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração;

(c)    E estimativa dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração do local no qual está localizado.

Custos Atribuíveis:

Exemplos de custos atribuíveis:

  • Custo de benefícios aos empregados decorrentes diretamente da construção ou aquisição de item do ativo imobilizado;
  • Custos de preparação do local;
  • Custos de frete e de manuseio;
  • Custo de instalação e montagem;
  • Custos com testes para verificar se o ativo está funcionando corretamente;
  • Honorários profissionais.

Custos Não Atribuíveis:

Não são custos de um item do ativo imobilizado:

  • Custos de abertura de nova instalação;
  • Custos incorridos na introdução de novo produto ou serviço (incluindo propaganda e atividades promocionais);
  • Custos de transferência das atividades para novo local ou para nova categoria de clientes;
  • Custos administrativos e outros custos indiretos.


Redução ao Valor Recuperável (impairment):

Perda por redução ao valor recuperável é o valor pelo qual o valor contábil de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável.

Após o reconhecimento como ativo, um item do ativo imobilizado deve ser apresentado ao custo menos qualquer depreciação e perda por redução ao valor recuperável acumuladas (NBC TG 01 (R1)).

Valor recuperável de um ativo ou de unidade geradora de caixa é o maior montante entre o seu valor justo líquido de despesa de venda e o seu valor em uso.

Valor justo líquido de despesa de venda é o montante a ser obtido pela venda de um ativo ou de unidade geradora de caixa em transações em bases comutativas, entre partes conhecedoras e interessadas, menos as despesas estimadas de venda.

Valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa futuros esperados que devem advir de um ativo ou de unidade geradora de caixa.

Segue abaixo, resolução de questão retirada do exame de suficiência do CFC (2015)

Uma Sociedade Industrial, ao analisar um determinado Ativo Imobilizado, identificou as seguintes evidências, em 31.12.2014:

Informações:

Valor líquido de venda: R$ 2.040.000,00;

Valor em Uso: R$ 2.000.000,00;

Saldos contábeis:

Valor contábil bruto – custo de aquisição: R$ 3.200.000,00;

Depreciações acumuladas R$ 800.000,00;

Perda estimada em valor não recuperável: R$ 240.000,00;

De acordo com a NBC TG 27 (R2) – Ativo Imobilizado, a perda por redução ao valor recuperável complementar a ser reconhecida no resultado, ao final do período de 2014, é de:

Resolução:

Valor líquido de venda:                                               R$ 2.040.000,00;

Valor em uso:                                                              R$ 2.000.000,00;

Logo, o valor recuperável do ativo é:                          R$ 2.040.000,00;

O valor Contábil Líquido do ativo em 31/12/2014 é:  R$ 2.160.000,00
  (3.200.000,00 – 800.000,00 – 240.000,00)

Resposta:

Deverá ser reconhecido um complemento na Perda por Redução ao Valor Recuperável de:
R$ 120.000,00

Referências Bibliográficas:

CVM – Deliberação CVM Nº 583/09

CFC – NBC TG 27 (R2) – Resolução CFC Nº 1.177/09

CFC – NBC TG 01 (R1) – Resolução CFC Nº 1.292/10

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Depreciação – NBC TG 27 (R2)

De acordo com Neves e Viceconti (2002) a depreciação representa o desgaste ou a perda da capacidade de utilização (vida útil) de bens tangíveis ou físicos pelo uso, por causas naturais ou por obsolescência tecnológica. Será calculada pela aplicação da taxa de depreciação, fixada em função da vida útil estimada do bem, sobre o valor dos bens objeto da depreciação.

O CPC 27 destaca a importância da determinação do valor residual dos ativos, de forma que o valor depreciável seja aquele montante não recuperável pela alienação do ativo ao final de sua vida útil estimada. Dessa forma, é fundamental, na determinação do valor depreciável de um ativo imobilizado, a estimativa do seu valor residual. Uma análise criteriosa na determinação desse valor é essencial para a adequada alocação da depreciação ao longo da vida útil estimada do bem. (ICP 10)

“A Secretaria da Receita Federal publicará periodicamente o prazo de vida útil admissível, em condições normais ou médias, para cada espécie de bem, ficando assegurado ao contribuinte o direito de computar a quota efetivamente adequada às condições de depreciação de seus bens, desde que faça a prova dessa adequação, quando adotar taxa diferente” (art. 310, § 1°, do R.I.R./99, por remissão à Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 3º).

De acordo com o item 43 da NBC TG 27 (R2), cada componente de um item do ativo imobilizado com custo significativo em relação ao custo total do item deve ser depreciado separadamente.

O valor residual de um ativo será revisado pelo menos ao final de cada exercício e, se as expectativas diferem as estimativas anteriores, a mudança deve ser contabilizada como mudança de estimativa contábil (conf. CPC 23).

A despesa de depreciação de cada período deve ser reconhecida diretamente no resultado do exercício.

Período de Depreciação:

A depreciação do ativo se inicia quando este está disponível para uso, ou seja, quando está no local e em condição de funcionamento da forma pretendida pela administração.
A depreciação de um ativo deve cessar na data em que o ativo é classificado como mantido para venda, ou na data em que o ativo é baixado, o que ocorrer primeiro.

Suspensão da Depreciação:

Segundo o item 55 da NBC TG 27 (R2) a depreciação de um ativo deve cessar na data em que o ativo é classificado como mantido para venda (ou incluído em um grupo de ativos classificado como mantido para venda de acordo com a NBC TG 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada) ou, ainda, na data em que o ativo é baixado, o que ocorrer primeiro. Portanto, a depreciação não cessa quando o ativo se torna ocioso ou é retirado do uso normal, a não ser que o ativo esteja totalmente depreciado. No entanto, de acordo com os métodos de depreciação pelo uso, a despesa de depreciação pode ser zero enquanto não houver produção.

O valor residual de um ativo pode aumentar. A despesa de depreciação será zero enquanto o valor residual subsequente for igual ou superior ao seu valor contábil (item 54).

Segue abaixo resolução de questão cobrada no exame de suficiência do CFC relacionada ao tema:

Uma Sociedade Empresária adquiriu um equipamento, por R$25.000,00, para uso em suas atividades. Para deixá-lo em condições de uso, foi necessário gastar mais R$1.500,00.
O equipamento ficou pronto para uso no dia 2.1.2014, e a empresa estima usar o equipamento por 5 anos.

O valor residual é estimado em R$2.500,00, para qualquer método de depreciação adotado.

A vida útil estimada do equipamento é de 12.000 horas.

O equipamento tem capacidade para produzir 8.000 unidades de produto.

O equipamento foi utilizado durante todo o ano de 2014; operou por 2.600 horas; e produziu 1.800 unidades.

Com base nos dados anteriores, é correto afirmar que a despesa com depreciação, no ano de 2014, foi de:

a) Se apurado com base no Método das Horas de Produção:

b) Se apurado com base no Método das Unidades produzidas.

c) Se apurado com base no Método da Soma dos Dígitos.

d) Se apurado com base no Método das Quotas Constantes.


Cálculo da depreciação pelo método das Horas de Produção:

Vida útil em horas: 12.000

Valor Depreciável: R$ 24.000,00

(R$ 24.000,00/12.000 hs = R$ 2,00 p/h).

Horas trabalhadas em 2014: 2.600 hs.

Valor da despesa com depreciação: R$ 5.200,00 (2.600 hs * R$ 2,00)


Cálculo da depreciação pelo método das Unidades Produzidas:

Capacidade para produzir: 8.000 unidades

Valor Depreciável: R$ 24.000,00

(R$ 24.000,00/8.000 un = R$ 3,00 p/un).

Unidades produzidas em 2014: 1.800 un.

Valor da despesa com depreciação: R$ 5.400,00 (1.800 un * R$ 3,00)


Cálculo da depreciação pelo método das Quotas Constantes:

Valor Depreciável: R$ 24.000,00

Vida útil: 5 anos (20% a.a)

Valor da despesa com depreciação: R$ 4.800,00


Cálculo da depreciação pelo método da Soma dos Dígitos:

Soma dos dígitos (vida útil 5 anos): 1+2+3+4+5 = 15 (denominador)

1º ano (2014): 5 anos/15 x R$ 24.000,00: R$ 8.000,00

Valor da despesa com depreciação: R$ 8.000,00


Bibliografia básica:

CVM – Deliberação CVM Nº 583/09

CFC – NBC TG 27 (R2) – Resolução CFC Nº 1.177/09

Neves, Silvério das/Viceconti, Paulo Eduardo V. Contabilidade Avançada e Análises das Demonstrações Financeiras. Frase Editora, 2002.


sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

EBITDA Simplificado

O EBITDA ou LAJIDA é um indicador de desempenho financeiro bastante utilizado para avaliar a capacidade de geração de caixa restrito as atividades operacionais da entidade, ou seja, mede a capacidade de desempenho da empresa analisando basicamente a geração de recursos exclusivamente de seus ativos. Traduzindo do inglês (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) temos “Lucro Antes dos Juros, Impostos (sobre o lucro), Depreciações e Amortizações (LAJIDA).


Extraído da DRE – Demonstração de Resultado do Exercício – esse indicador é apurado em conformidade com o princípio da competência, ou seja, não necessariamente corresponde aos efeitos de entradas e saídas de recursos do caixa.

De acordo com SZUSTER [et. al.], 2011, o EBITIDA é um indicador muito utilizado por diversas empresas e analistas. Mas não podemos esquecer que, principalmente para o mercado acionário, o investidor deve estar atento ao lucro líquido e à capacidade de pagamentos de dividendos, que só serão repassados aos acionistas depois do pagamento de juros e impostos.

Em termos gerais, podemos dizer que o EBITDA é uma ferramenta que objetiva:

  • Medir o desempenho da empresa em termos de fluxo de caixa;
  • Medir a capacidade de geração de recursos dos ativos (operacional) da entidade;
  • Avaliar o potencial de geração genuinamente operacional de caixa da empresa.

Vejamos agora um exemplo de cálculo do EBITDA:

A empresa ABC S.A apresentou em suas demonstrações financeiras as seguintes informações em 31/12/2014.


Demonstração de Resultado do Exercício em 31/12/2014.
Vendas Líquidas
 R$    1.200.000,00
CMV - Custo das Mercadorias Vendidas
 R$        720.000,00
Lucro Bruto
 R$        480.000,00
Despesas Operacionais
 R$        240.000,00
Depreciações
 R$          50.000,00
Receitas Financeiras
 R$            1.440,00
Despesas Financeiras
 R$          41.760,00
LAIR - Lucro Antes dos Impostos
 R$        149.680,00
IRPJ/CSLL
 R$          49.394,00
Lucro Líquido
 R$        100.286,00


Através dos dados do quadro acima, podemos calcular o EBITDA da empresa ABC S.A:


Cálculo da EBITDA
Lucro Líquido
 R$        100.286,00
(+) Depreciações
 R$          50.000,00
(+) Despesas Financeiras
 R$          41.760,00
(-) Receitas Financeiras
 R$            1.440,00
(+) IRPJ/CSLL
 R$          49.394,00
(=) EBITDA (LAJIDA)
 R$        240.000,00


Desta forma, podemos concluir que o caixa gerado pelas atividades operacionais da empresa ABC S.A foi de R$ 240.000,00.

Bibliografia básica:

ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanço. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MARTINS, Eliseu. “EBITDA” – O que é isso? IOB – Informações Objetivas, Temática Contábil e Balanços. São Paulo: Boletim IOB 06/98, p. 1-7, 1998.

SZUSTER... [et al.], Natan. Contabilidade Geral – Introdução à Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2011.